

Aquipélago
Este processo de pesquisa e montagem surgiu danecessidade de falar, antes inclusive da Pandemia, sobre a condição de ter nascido em uma ilha, sermos seres ilhados e tudo o que isso implica. O ator/pesquisador Patrick Campbell nasceu em Inglaterra, de mãe inglesa e pai da Jamaica, ele viveu durante cinco anos também nessa ilha do Caribe. Luis Alonso-Aude nasceu em Cuba e viveu durante 28 anos naquela ilha. O ser humano que nasce numa ilha, nesse sentido de porção de terra rodeada de água por todas as partes é potencializado no discurso cênico a partir de uma viagem até os ancestrais de cada um e ao mesmo tempo potencializa os trânsitos e traslados das culturas das quais ambos os atores estão estruturados. Alonso-Aude é descendente de Libaneses emigrados para Cuba escondidos em tonéis em barcos, os avôs de Patrick eram haitianos, emigrados escondidos para Inglaterra em toneis dentro de barcos, e se seguirmos puxando a linha do tempo veremos como sendo seres de uma ilha (física de território e física de corpo) somos todos totalmente entrecruzados, amalgamados, com nossas diferenças, raridades e complexidades. O mar! O mar é o local que nos conecta e a partir das religiões, tradições, cultos de toda ilha, reconhecemos o mar como um ser sagrado, 3 de 16 potencializador de uma aparente prisão que nos situa sempre dentro de um lugar de encantamentos. No final, é importante entendermos que a nossa ilha de terra ou nossa ilha de corpo não pode perder, na sua essência, a qualidade de sermos seres encantados.